Um grupo de 20 trabalhadores foi encontrado em condições análogas à escravidão em alojamentos vizinhos ao canteiro de obras de um condomínio residencial, no Setor Chácara São Pedro, em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital. Segundo a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Goiás (STRE-GO), os operários não recebiam salário há dois meses e viviam em condições precárias, moradias sujas e sem água potável,
A situação foi descoberta após uma denúncia anônima. Segundo a auditora fiscal do trabalho Sharena Andrade Gomes, os gesseiros vieram dos estados do Piauí, Bahia e Ceará. Um homem, apontado como aliciador, teria oferecido trabalho a eles na construção de 900 unidades habitacionais populares financiadas pelo programa "Minha Casa, Minha Vida", do Governo Federal.
No entanto, o homem, que está desaparecido, não cumpriu com o combinado. "Esse aliciador prometeu a eles moradia, alimentação e um salário interessante por produção. Eles chegaram aqui, tiveram o primeiro aluguel e salário pagos, porém, depois, nada mais", explicou.
De acordo com Sharena, eles foram retirados dos alojamentos no último dia 20 de março e desde então estão em um hotel. O STRE-GO negocia com as empresas envolvidas - os nomes não foram divulgados - para quitar as dívidas dos trabalhadores, que gira em torno de R$ 190 mil.
Ao todo, são nove companhias: quatro construtoras, três associações, uma gestora financeira e uma terceirizada. Um relatório será repassado para a polícia e Ministério Público para apurar as responsabilidades criminais. Nesse contexto, também está incluso o aliciador.
Desespero
Uma das vítimas, o gesseiro Gilvan José da Silva está em Aparecida de Goiânia desde setembro do ano passado. Morador de Elesbão Veloso, no Piauí, ele veio com o irmão com a promessa de altos rendimentos. Mas encontrou somente a ilusão de ter sido enganado.
"Ele [o aliciador] falou que todas as despesas seriam pagas por ele. A gente chegou e ele nos bancou no primeiro mês. Depois, disse que quem quisesse ficar, teria que se virar. A gente fica em uma situação de desespero. Nós temos filhos, temos família. Eles não se colocam no lugar da gente. É degradante", disse.
Gilvan explicou que o combinado era receber R$ 250 por apartamento finalizado. No primeiro mês, diz que tirou cerca de R$ 3 mil, pagos corretamente. Depois, começaram os atrasos, parcelamentos e a dor de cabeça.
O grupo espera a finalização dos acordos para poder retornar às suas cidades de origem.
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